ÉPOCA SÃO PAULO » Você relutou em aceitar esse papel. Por quê?
CHRISTIAN BALE » Eu estava saindo para o trabalho quando abri o envelope, li o título e enfiei de volta. Eu não estava interessado, não via sentido em filmar outro Exterminador. Daí encontrei McG e ele me mostrou ser um grande fã da série, da mitologia do Exterminador. Gostei do projeto, mas só topei quando fizeram mudanças no roteiro e achei que renderia um filme que me desse a mesma sensação quando vi Exterminador 2. Esse não é um filme feito para assistir na sua sala, sozinho, mas para ser visto numa sala de cinema, com a plateia cheia, para sentir o entusiasmo do público. É como um evento esportivo, sabe?
Houve muitas cenas cortadas?
Sim, muita coisa, e eu espero que não estejam no DVD. Eu odeio esses extras. Há uma razão para que uma cena seja cortada de um filme, além da duração da fita. E sempre espero que, se elas voltarem ao filme, que seja na versão do diretor ou algo assim, dentro de um contexto. Porque fora do contexto a cena perde seu efeito, seu ritmo. Eu sou contra essa mania de sair dando informações sobre bastidores.
Como foi lutar com um Arnold Schwarzenegger, mesmo de mentira?
Foi um grande momento do filme. Eu estava ansioso para que ele autorizasse
o uso de sua imagem e tive medo quando, em certo ponto das filmagens, soube que ele não queria mais. Mas depois ele voltou atrás e deu autorização. O filme não seria
o mesmo sem essa cena. O rosto dele ali foi como um selo de aprovação.
Você tinha 17 anos quando assistiu ao primeiro Exterminador. Como foi dizer a famosa fala "I’ll be back" 17 anos depois?
Fui o primeiro a saber, pelo roteirista, sobre essa ideia de colocar a fala na minha boca. Ele queria saber como eu me sentiria, antes de sair contando pra todo mundo. Eu achava que, se ficasse natural no filme, seria OK. E fiquei feliz em saber que essa fala era uma resposta a uma pergunta, então era perfeitamente natural. Não dava para ser uma daquelas falas únicas, que vêm do nada. Acabei curtindo a ideia, foi uma homenagem sutil.
Na sua opinião, qual seria o calcanhar de aquiles de John Connor?
John carrega o fardo de saber o que o espera no futuro e saber que o futuro pode ser mudado, o que às vezes é bem confuso. A consciência de estar destinado a ser o líder da resistência, o salvador da humanidade, e até suas iniciais, JC, tudo isso podia inflar muito o ego do cara, não é? (risos). Ou derrubá-lo de vez. Mas ele adora lutar.
Você é contra a violência?
Bem, que tipo de idiota eu seria se dissesse que sou a favor da violência? (risos).
É como essas campanhas antiaborto, gritando "a favor da vida". Quem não é
a favor da vida? Esses rótulos são muito enganosos. Se alguém disser que é a favor da violência, eu dou um tapa na cabeça dele (risos). E ia gostar de fazer isso! (risos). Mas, infelizmente, violência às vezes é necessária. Você não pode desinventar o revólver, entende? Mas não sou a favor da violência.
Pretende fazer mais filmes de heróis?
Em geral não costumo comparar os tipos de personagens que interpreto. Tenho um gosto bem diversificado em cinema e certamente não quero ficar me repetindo. É que filmes como os da série Exterminador e Batman têm uma divulgação do estúdio inacreditável, então a maior parte das pessoas acaba me conhecendo assim.
Você tem um ótimo senso de humor. Quando o veremos em uma comédia?
Ah, mas eu fiz uma comédia! Chamava-se Psicopata Americano (risos). Se você tiver o senso de humor apropriado, vai rir muito com esse filme! (risos).